O Brasil já exportou entre janeiro e outubro um total de 35 milhões de sacas de 60 quilos de café e se mantiver esse ritmo deve fechar o ano com embarque recorde de 43 milhões de sacas, somando grão verde e o produtor industrializado. A estimativa parte do presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nélson Carvalhaes, que falou em palestra virtual na Semana Internacional do Café (SIC), este ano 100% digital devido à pandemia do coronavírus.
Ele destacou que este ano a cadeia café, e especialmente o setor exportador, enfrentou um desafio fantástico e inimaginável, mas vai tendo um ano com resultados positivos e excelentes. Observou que as atenções estão para a sustentabilidade do setor, e no momento a saúde é prioritária. Embora com mudanças nos hábitos de consumo, e também na demanda global de café, os embarques brasileiros seguiram muito fortes.
Carvalhaes observou que em 2008 com a crise americana o consumo não caiu e em 2010 não reduziu com a crise financeira europeia. Agora, ainda que tenha sido afetada, a demanda ainda é sólida. “O café é grande companheiro nos bons e difíceis momentos”, comentou.
Carvalhaes citou os dados de que o Brasil exportou uma média de 35,7 milhões de sacas nos últimos 5 anos. Esse desempenho recorde esperado para 2020 mostra a capacidade de toda a cadeira produtiva, afirmou o presidente do Cecafé. O dólar em patamares elevados foi um fator de competitividade essencial para o desempenho alcançado. “Devemos ter ainda um mercado fantástico nos próximos anos”, disse o dirigente.
Para o presidente do Cecafé, a sustentabilidade tem sido fundamental para o setor café no Brasil, que se destaca no mundo nessa questão. Ressaltou que nos anos 60 a área plantada com o grão envolvia 4,9 milhões de hectares. E agora está em torno de 2,16 milhões de há, tendo sido diminuída em 55,9%. “O Brasil tem as leis ambientais e trabalhistas mais rígidas do mundo, e emprega 3,5 milhões de pessoas direta e indiretamente”, demonstrou na palestra virtual.
O Brasil também é um dos países que mais investe em desenvolvimento da pesquisa e tecnologia cafeeira, salientou Carvalhaes. Como drivers de oportunidade para as exportações, Carvalhaes apontou como diferenciais as questões de meio ambiente, segurança alimentar e os aspectos de café e saúde. E o setor exportador repassa as receitas dos embarques ao setor produtor. Ele indicou que 81,4% do valor FOB dos embarques é repassado aos produtores na média dos últimos 4 anos, segundo apuração do Cecafé.