Capaz de emplacar uma abertura de capital com tese ESG graças ao etanol 2G — que garantiu um aporte de aproximadamente R$ 30 bilhões na época do IPO — a Raízen (RAIZ4) tenta se posicionar nas soluções para a transição energética e acaba de anunciar que venderá esse tipo de combustível à Shell, em um contrato que vai até 2037.
A Raízen é uma joint-venture entre a própria Shell e a Cosan (CSAN3).
Também conhecido como E2G, esse tipo de etanol é produzido a partir da biomassa da cana-de-açúcar, seja do bagaço ou da palha de sua matéria-prima.
E muitos investidores acompanham esse tese porque a Raízen é uma das poucas empresas no mundo com capacidade de produzir o etanol de segunda geração com escala industrial, em um movimento importante para que procura investimentos que sigam as normas ESG.
O acordo com a Shell prevê que sejam entregues 3,3 bilhões de litros do combustível, o que exigirá um investimento de R$ 6 bilhões. Esse etanol será produzido em cinco plantas novas da Raízen entre 2025 e 2027.
Nos cálculos da Raízen, conforme o contrato, a receita obtida com a venda do etanol 2G será de pelo menos 3,3 bilhões de euros, considerado um retorno satisfatório pela Raízen.
No entanto, a empresa não divulgou qual será o valor de venda.
Além disso, o acordo ainda prevê que o preço esteja atrelado à cotação da commodity no momento da entrega. Ou seja, caso o valor esteja acima do acordado, o E2G será vendido pelo preço vigente.
A Raízen prevê também uma margem Ebitda de aproximadamente 50%
com investimentos em manutenção estimados em R$ 50 milhões por planta/ano. Isso, segundo a companhia, proporcionará uma geração robusta de fluxos de caixa.
Segundo a Raízen, o etanol 2G reduz em torno de 80% as emissões de gases do efeito estufa na comparação com a gasolina, aproximadamente 70% na comparação com etanol de milho norte-americano e em torno de 30% na comparação com etanol de primeira geração de cana de açúcar.
“Com o domínio de tecnologia proprietária, a Raízen se consolidará como o maior produtor e comercializador global de etanol celulósico, com a maior parcela do volume comercializado em acordos de longo prazo”, diz o comunicado arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).